segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

E eu vou me acostumar

           Hoje, pela primeira vez eu tive vontade de pedir sossego, paz e abandono. Senti um desejo tão forte de te encontrar e ordenar que me esquecesse, que me deixasse viver a minha vida.
          Seriam as últimas palavras trocadas, o último abraço, ainda que frio. Seria o começo de uma trajetória sem você, eu continuaria a seguir o meu caminho, escrevendo a minha história, onde você não passaria de um coadjuvante saindo de cena. 
          Sem você por perto, a mania que eu tinha de te dedicar toda a atenção desapareceria com o tempo, e a gota que você fazia parecer chuva passaria a ser um nada... nada diante de nada!

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

A agonia de esperar

Ela vem devagarzinho
Muitas vezes antecipada
Vem chegando de mancinho
E me deixando preocupada.

Quantos dias já se foram?
Talvez dois...
É quase nada!
Em um coração que é tão sensível,
Me dói muito a sua falta.

Não imaginei que fosse assim
É bem mais do que pensei
Quero tanto você aqui
E até contigo já sonhei.

A vida é um dia após o outro
Você daí e eu de cá
O pensamento é mesmo doido
Vem aqui, eu quero já!

O que me resta é esperar
Acostumar com a situação
E não há tamanho de saudade
Que nos separe o coração!

Lorena de Souza Rocha

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Simplesmente palavras


As palavras não saltavam dos meus dedos há tempos. Não dessa forma. Com ar revoltante e impaciente. Ficaram mudas no sentido de manifestar tristeza ou alguma confusão momentânea, aprenderam a não incomodar meus pensamentos a qualquer tempo e me deixaram curtir um pouco mais a alegria que é viver ao invés de preocupar-me em mostrar ao mundo o quão difícil é ser personagem de uma história real.
Fui me adaptando. Passavam-se horas, o bem estar permanecia. Dias, a alegria começava a contagiar. Semanas, eu já sorria sem aparentes motivos. Meses, a felicidade era tanta que chegava a me assustar.
Ao completarem exatos 2 anos que a tristeza havia me abandonado, fui surpreendida com o que já não se conformava em estar preso dentro de mim durante tanto tempo. Sua forma de protesto foi colocar à vista alheia toda lágrima que um ser humano é capaz de guardar durante 730 dias. Horas se foram lavando a alma.
E acompanhando as águas límpidas e salgadas, vieram também as temerosas e intensas PALAVRAS. Escrevi desde versos e poemas completos a textos sem sentido.
E hoje, percebo que sem elas eu sou um poço de lágrimas esperando o momento de transbordar, uma pintura da felicidade onde por trás há um modelo infeliz. Um vazio no aguarde de seu total preenchimento. Chorei.
Nesse instante me vi em minha cama, ofegante e aflita ao despertar de um sonho um tanto quanto confuso. Aquelas palavras não saíam da minha mente.

Lorena de Souza Rocha


segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Um passeio imaginado


Tenho andado por aí e com você vou me encontrar
Num lugar que não existe
Não importa, eu vou te achar!
Vou desejar só um sorriso ,
E no teu colo eu vou deitar
Vai me mostrar o paraíso
E como em sonho eu vou te amar!

O sol bagunça os meus cabelos
O vento vem me iluminar
Na confusão que é permanente
Seu cheiro vem me incomodar!

Vou andando sem destino
Uma hora hei de chegar
Corro e choro entre as flores
E vem a chuva me molhar!

Entre poças e trovões
Não sei mais pra onde ir
Ao fundo escuto um passarinho
Veio me fazer sorrir!

Olho pra ele e não o vejo
Sei que está lá a piar
Vem aqui, seu passarinho
E me ajude a encontrar...

Um alguém que não sei quem
E eu sonho em ter comigo
Me parece tão distante
E sozinha eu não consigo!

Você é algo imaginado
Simplesmente o planejei
E o perfume que eu respirava
Tão cedo não sentirei!

 Lorena de Souza Rocha

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Sou capaz de seguir sozinha...

            E nada mais é como antes. Os olhares não são os mesmos, sorrisos cada vez menos sinceros, palavras já não me iludem tanto assim.
Sinto falta de perder o chão deslumbrada em seus abraços, me entristece a ideia de não mais poder segurar a sua mão e caminhar contigo ainda que em pensamento... O mundo dá voltas, os papéis se inverteram e agora quem dá as cartas sou eu. Não sei se o faço tão bem, afinal, essa tarefa é nitidamente sua!
Talvez eu fosse mais feliz no tempo em que meu mundo girava em torno do seu, na época em que as minhas palavras só existiriam se saíssem da sua boca. E com certeza, quando seus conselhos viravam ordens impostas a mim era tudo mais simples e mais gostoso.
Mas um dia eu acordei do sonho... Sonho esse que você não mais quis viver ao meu lado. E pude perceber que o tempo que você dava a última palavra, o último tapa, o último beijo e o último sorriso, passou... Encontrei também o nosso ÚLTIMO adeus!

Lorena de Souza Rocha

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Palavras de um lutador...


A necessidade é fazer o futuro acontecer, mas a preguiça toma conta, a ansiedade chega a incomodar e eu acabo sem fazer nada.
Faço planos, me imagino em um lugar bem distante da situação atual... Mas planos são apenas planos e mais nada. Planos abstratos até o momento em que eu tomar vergonha na cara e resolver correr, de verdade, atrás daquilo que eu quero pra mim. Isso é o que eu tenho escutado por aí e que tem me feito querer abaixar a cabeça e tocar um verdadeiro... Bom, melhor deixar pra lá!
Tentações me desviam, o pensamento voa e tira a prioridade que os meus objetivos deveriam ter na minha vida. Estou num momento meio “sei lá”.
Só eu sei como quero mudar. Só eu! Tenho tentado, as portas se fecham... Tenho buscado ajuda, ninguém está lá... Tenho até pensado em desistir, me falta coragem!
Tudo parece desandar ainda mais quando você acha que está dando o seu máximo, fazendo tudo o que pode para mudar a sua rotina e nenhum esforço é reconhecido. Ninguém com um troféu de mera participação a lhe entregar, um estímulo, uma palavra de incentivo que seja!
Assim é realmente difícil... Eu tento andar para frente, os ventos me sopram para trás. Arrisco-me a peitar o mundo e com um simples peteleco ele torna a me derrubar. O que fazer? Para onde ir? A quem devo suplicar ajuda?!
E a única coisa que fui capaz de responder a esse amigo desesperado foi: “Estou contigo sempre, irmão!”
                                               Lorena de Souza Rocha

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Um simples desabafo...


Me peguei de nó na garganta, olhos marejados e coração aflito. Lembrei de um passado bem próximo em que um apego repentino nos fez virar amigas.
Cada risada contigo, cada piada, cada momento que hoje lembro e ainda me faz rir sozinha. É como se eu ouvisse a sua voz, como se você estivesse aqui pertinho de mim e amanhã eu te ligaria bem cedo te acordando pra ir ao cursinho. Mas não, não ouço e nada disso está acontecendo aqui. A tristeza é grande!
                É difícil pensar na Copa sem lembrar de você, é estranho passar na frente do bar e não ter você pra beber. E a minha sinuca antes da aula... Cadê você aqui?!
O tempo foi passando e eu pra variar fui me apegando mais e mais. Na brincadeira eu te falava pra não deixar isso acontecer... Era como se eu previsse uma futura mudança.
O dia chegou. Em um telefonema você me disse que tinha passado em uma Universidade Federal. Sim... F-e-d-e-r-a-l!
Fiquei feliz, vibrei a cada palavra. Mal sabia eu que essa tal de UFG desviaria de mim todo o seu foco de atenção. Mas foi bom pra você, está sendo e se Deus quiser vai ser pra sempre e é isso que importa: a sua FELICIDADE. O seu futuro é bem mais importante que qualquer vazio que a saudade insiste em colocar no meu peito. Eu vou me acostumar, sei que vou!
                O que eu peço a Deus é que ele ilumine seus caminhos e abençoe a sua estrada. E agradeço, é claro que agradeço: Obrigada, meu Deus por colocar em meu caminho uma pessoa tão maravilhosa e que tenha me feito tão bem.
                Amém!

Lorena de Souza Rocha

domingo, 22 de agosto de 2010

Sempre o outro

          A auto-compreensão tem me abandonado. Entendo o mundo, me atrevo a decifrar o pensamento de cada um que passa por mim. Antes de uma palavra, lá estou eu... Pronta a ouvir tudo que supostamente já sei e que talvez não saiba nada, atenta a questionar cada trecho de pensamento ainda que não manifestado a mim.
          Que direito eu tenho de fazê-lo? Quem sou eu para tentar decifrar a mente alheia se nem mesmo a minha se deixa ser entendida? A explicação me falta.
          E no confuso momento de tentar entender o outro, sempre o outro, e a minha linha de raciocínio parece estar absolutamente de acordo com os fatos, o meu eu pede socorro e um pouco mais de atenção: “Ei, estou aqui... Basta desses ‘outros’! Preciso saber quem sou.” É aí que a realidade entra cena, toma conta do palco e tenta me fazer perceber que eu deveria estar antes do ‘outro’, que meus interesses são mais importantes que os do ‘outro’ e que não dá mais pra continuar interpretando apenas o pensamento dos ‘outros’.
          O ser humano é complicado. Por que a incapacidade de ouvir o que nós mesmos temos a nos dizer? É simples... Não foi o ‘outro’ que disse, não é mesmo?
          E ao passo que acredito saber tudo sobre todos, eu não sei nada. Nada de nada!

Lorena de Souza Rocha

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

O Brasil que a gente faz...


Minha escola é a rua,
Merenda aqui não se come
Nunca vi a tal da lua
O que eu enxergo é só a fome!

Num mundo onde o rico manda
Pra que tanta CPI?
Me criei cheirando cola
E a polícia nem aí.

Acordei com fome ainda
Mais um dia ao relento
Sem comida nesse lixo
Daqui a pouco eu não agüento.

Eu não quero piedade,
Nem sua falsa compaixão
Ele conta com o seu voto
E eu atrás de papelão.

Por aí fazendo errado
É assim que vou vivendo
Sem carinho e sem comida
Não adianta, estou morrendo!

Estendo a mão e nem me olha
Você passa do meu lado
Não cabe a mim dizer mais nada...
O meu recado já está dado! 

Lorena de Souza Rocha

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Um dia de domingo


                Acordei mais cedo que o de costume: às 10:45 min... Do segundo tempo. Digo isso porque todos já estavam de pé e prontos para o churrasco típico de domingo, mas dessa vez com sua figura atípica: o local. A bagunça de hoje não seria aqui em casa. Sorte!
                Hoje eu tinha planos de estudos, seria eu comigo mesma. E uma tarde que tinha tudo para ser iluminada e repleta de produção, foi escurecida pela incompetência da CEB e desânimo de minha parte.
                Tratei de preparar um almoço bem peculiar de um domingo à tarde: macarrão instantâneo.
                Enquanto a bateria do computador agonizava, eu desfrutei o máximo que eu pude das companhias do mundo virtual, pois sabia que haveria uma tarde e uma noite bem solitárias pela frente.
                Quando o notebook já não atendia os meus comandos, fui andar pela casa ao som de todas as músicas que consegui escutar no celular até sua bateria ir ao encontro de todos os aparelhos eletrônicos que não funcionavam nesta tarde.
                Entre um pensamento e outro, eu expunha meus pontos de vista à Belinha que, quando muito, latia para quem passava na frente da casa.
                Meu dia foi tão bom que a parte mais agitada dele é agora. Onde eu me encontro diante de duas latas de cerveja vazias, uma terceira (quente) à caminho do meu fígado, a Belinha dormindo em meus pés, a casa toda escura e uma vela iluminando as minhas palavras.

Lorena de Souza Rocha