quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Simplesmente palavras


As palavras não saltavam dos meus dedos há tempos. Não dessa forma. Com ar revoltante e impaciente. Ficaram mudas no sentido de manifestar tristeza ou alguma confusão momentânea, aprenderam a não incomodar meus pensamentos a qualquer tempo e me deixaram curtir um pouco mais a alegria que é viver ao invés de preocupar-me em mostrar ao mundo o quão difícil é ser personagem de uma história real.
Fui me adaptando. Passavam-se horas, o bem estar permanecia. Dias, a alegria começava a contagiar. Semanas, eu já sorria sem aparentes motivos. Meses, a felicidade era tanta que chegava a me assustar.
Ao completarem exatos 2 anos que a tristeza havia me abandonado, fui surpreendida com o que já não se conformava em estar preso dentro de mim durante tanto tempo. Sua forma de protesto foi colocar à vista alheia toda lágrima que um ser humano é capaz de guardar durante 730 dias. Horas se foram lavando a alma.
E acompanhando as águas límpidas e salgadas, vieram também as temerosas e intensas PALAVRAS. Escrevi desde versos e poemas completos a textos sem sentido.
E hoje, percebo que sem elas eu sou um poço de lágrimas esperando o momento de transbordar, uma pintura da felicidade onde por trás há um modelo infeliz. Um vazio no aguarde de seu total preenchimento. Chorei.
Nesse instante me vi em minha cama, ofegante e aflita ao despertar de um sonho um tanto quanto confuso. Aquelas palavras não saíam da minha mente.

Lorena de Souza Rocha